A MARAVILHOSA EXPERIÊNCIA DO CHAMADO DE LEVI


Texto base: Lucas 5:27-32

27 Passadas estas coisas, saindo, viu um publicano, chamado Levi, assentado na coletoria, e disse-lhe:
 28 Ele se levantou e, deixando tudo, o seguiu.
 29 Então, lhe ofereceu Levi um grande banquete em sua casa; e numerosos publicanos e outros estavam com eles à mesa.
 30 Os fariseus e seus escribas murmuravam contra os discípulos de Jesus, perguntando: Por que comeis e bebeis com os publicanos e pecadores?
 31 Respondeu-lhes Jesus: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes.
 32 Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento.


QUEM ERA LEVI?

•    Também chamado Mateus (dom, dádiva, presente de Deus), seu nome “Levi” nos sugere que era da linhagem sacerdotal.
•    Encontramos também sua história no seu próprio livro “Mateus” e também Marcos.
•    Um publicano, um cobrador de impostos.
•    Filho de Alfeu. (Mc 2.14)

Assim como Mateus tem um livro escrito com seu nome, creio que nosso livro com nosso nome também está sendo escrito agora mesmo e um dia será lido na presença de todos, no grande dia do Juízo Final. A Bíblia fala de livros escritos no céu e do Livro da Vida.

Apocalipse 20.11,12
E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiram a terra e o céu; e não foi achado lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, em pé diante do trono; e abriram-se uns livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida; e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.


CONTEXTO HISTÓRICO

Quem eram os Publicanos?
Uma profissão indignaComo coletor de impostos, Mateus estava incumbido da cobrança de taxas tanto dos que cruzavam o Mar da Galiléia como dos que transitavam pela importante estrada de Damasco, que cortava os domínios de Herodes Antipas, passando pelas importantíssimas cidades de Cafarnaum e Betsaida, que estavam submetidas ao domínio do império romano.
Os impostos arrecadados por Roma eram de duas espécies: os tributos que recaíam sobre propriedades ou sobre pessoas, o qual aparece na discussão de Mt 22.15-22, quando Jesus é provocado pelos fariseus, com a pergunta:
 
"Dize-nos, pois, que te parece? É licito pagar tributo a César, ou não?"
 
Mesmo em Roma, os publicanos, que eram tanto de níveis superiores ou inferiores, eram sempre tratados com muita desconfiança, sendo constantemente comparados a “gatunos” e oportunistas.
Em Israel, a discriminação era extrema. Como funcionários a serviço do império romano, eram considerados traidores nacionais, apóstatas, gentios e pecadores (Mt 18.17).
Eram de tal maneira desprezados pelos judeus que nem mesmo seus dízimos e ofertas eram aceitos nas sinagogas.
Os escritos rabínicos traçavam juízos duríssimos contra eles, por considerá-los não apenas impuros, mas transmissores de impureza por sua mera presença.
No Novo Testamento, os cobradores de impostos são freqüentemente associados a pecadores (Mt 9.10-13), meretrizes (Mt 21.31-32) e aos pagãos (Mt 18.15-17).
Diante de semelhante panorama, não é difícil entender porque os fariseus e doutores da Lei se mostravam profundamente escandalizados com Jesus e seus discípulos, ao vê-los em companhia de Mateus e seus colegas de profissão.

"Murmuravam, pois, os fariseus e seus escribas (...) perguntando: Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?"
Lucas 5.30.

Mateus, como todo cobrador de impostos, pela corrupção com que estava acostumado mediante freqüente recebimento de propinas e extorsões, devia ser um homem abastado.
A festa dada por ele a Jesus e seus companheiros (Mt 9.11-12) sugere alguém que tinha muitos recursos financeiros.
 
Análise da possível situação da vida de Levi:
•    Rico, mas infeliz, pois tinha dinheiro como resultado de extorsão.
•    Consciência acusada, pois as pessoas sempre o olhavam com olhar de recriminação e ódio.
•    Seus amigos eram apenas aqueles iguais a ele. Tinha muitos amigos, mas não passavam de um bando de ladrões que provavelmente também extorquíam uns aos outros, ou conservavam a amizade quando tinha dinheiro no meio da história, pois esse tipo de pessoas são interesseiras.
•    Provavelmente viva com medo de ser assassinado a qualquer momento por alguém que ele extorquíra.
•    Um vazio profundo no coração, pois ele nasceu para ser uma “Dádiva de Jeová”, um “presente de Deus” e não um ladrão. Estava fora do propósito e nenhum dinheiro do mundo pode resolver isso.
•    Criado para ser alguém especial, feito para ser de linhagem sacerdotal, para levar Deus às pessoas e representá-las diante de Deus, realmente ele estava bem longe do seu propósito existencial.

PARTICULARIDADES DO CHAMADO
Como morador de Cafarnaum, Mateus teve repetidas oportunidades de ver os sinais que Jesus operou durante o tempo em que ministrou na Galiléia.
É provável que o impacto do testemunho tenha contribuído para sua imediata decisão de abandonar tudo e seguir o Mestre, quando foi chamado. (Mt 9.9-15). Em seu evangelho, ele diz que Cristo se aproximou dele e disse: "Segue-me." Imediatamente ele se levantou e o seguiu.
O que o levou a tomar esta decisão tão imediata?
Talvez ele tivesse muitos argumentos naquele dia.
Talvez ele tivesse sido amaldiçoado por um contribuinte que pagou muito mais que o devido.
Qual será foi sua reação ao ver Jesus passando por ele, olhando-o, observando-o...
Talvez ele se esquivou de olhar, ou baixou a cabeça sabendo quem ele era e quem Jesus era.
Mas, sem nenhuma condenação, nenhuma palavra a mais ou a menos, Jesus simplesmente olha para ele e diz: Segue-me.
A reação dele foi inesperada e imediata, contra todos os argumentos dos observadores.
Deixou tudo e o seguiu. Sabia que seria criticado e que teria que se desfazer de muita coisa, mas aceitou o desafio, o chamado.

O quanto Jesus se expõe por nós!
Pense também o quanto Jesus se expôs chamando homens da pior reputação, homens de má fama e chama para ser seu discípulo aquele que representa a categoria de pecadores mais odiados daquela sociedade. Nisto Cristo se humilhou.
Pense o quanto que Ele se expôs chamando você, eu, nós!

O RESULTADO DO CHAMADO
Pelo amor a este chamado, Levi deixou um bom lugar na alfândega, o que provavelmente lhe gerava bons recursos financeiros; era o seu sustento.
Mateus deu uma festa e convidou os outros de sua profissão desagradável. Ele queria compartilhar Cristo com eles, e com certeza, este grande evangelista agora transformado pela graça, conquistou seus amigos para Jesus.
Sua casa tornou-se uma célula evangelizadora e multiplicadora.
Jesus salva um publicano pensando em alcançar publicanos.
Salva uma prostituta para que esta alcance as prostitutas. Traga-as até Ele.
Falando de profissão:
Ele alcança um taxista para alcançar taxistas, um pedreiro para alcançar pedreiros, um empresário para alcançar empresários.
Afinal de contas, todos somos pecadores!

CONCLUSÃO
Foi a maravilhosa graça de Jesus que alcançou este grande pecador, odiado pelas pessoas, e transformou-o num grande homem de Deus, num escritor, num líder respeitado, num discípulo dedicado, alguém que segundo a tradição, evangelizou com esmero os Judeus e depois, entendendo seu chamado de uma forma mais ampla, também foi para nações levando o evangelho a toda a criatura, obedecendo o “Ide” de Jesus. Cumpriu seu chamado como um grande mártir.

O Dr. McBirnie em sua biografia sobre o evangelista (op. cit., p.182):
"Mateus foi, por certo, um talentoso escritor e um ardoroso discípulo, dotado, provavelmente, do melhor preparo intelectual dentre os doze. Sua formação o equipou devidamente para testemunhar àqueles que ocupavam posições de autoridade e o tornou um vaso escolhido para escrever o Evangelho que leva seu nome."

Há um lugar de honra e propósito para você também. Um lugar de destaque na galeria dos heróis da fé. O seu lugar não é assentado na cadeira da coletoria, atrás da janela praticando extorsão.
Jesus tem um maravilhoso propósito para sua vida!
O que te impede de deixar tudo, imediatamente, decididamente, inteiramente por Ele?

Segue-me!


 Paulo Miranda, Março, 2014.


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